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17 de julho de 2014

Útero - Unidade de Trabalho e Empreendedorismo Regional Orientado
            Vários estudos apontam para a dificuldade que a população jovem (15 a 24 anos) está vivendo ao procurar engajar-se no mercado de trabalho. Há um paradoxo ao tentar obter a primeira experiência de trabalho formal, pois um dos principais requisitos para o trabalho vem sendo a experiência anterior. Tal configuração implica um aumento do trabalho informal, cujas condições em que se realiza colaboram apenas para o aumento da vulnerabilidade e risco do segmento jovem da população pobre.
Frente a essa situação, temos os problemas agravados e mais evidenciados no âmbito municipal, por ser este o lugar mais imediato e concreto da vivência do jovem, onde ele deseja construir sua vida e realizar seus sonhos. Atualmente, ao invés de tratar a questão da juventude como problema social, muitos municípios passam a incentivar a participação dos jovens por considerá-los capazes e responsáveis pela construção coletiva de suas vidas.
Diante de tal situação, o Instituto Paulo Freire de Estudos Psicossociais, através de uma equipe de profissionais (Nara Diogo, Eveline Chagas, Fábio Porto, Íris Bomfim e Rozane Alencar) sob a orientação e supervisão do autor, desenvolveu uma proposta na forma de um modelo a ser adaptado à realidade de cada município. Esse modelo, o UTERO – Unidade de Trabalho e Empreendedorismo Regional Orientado – caracteriza-se pela permanente capacitação e fomento ao empreendedorismo jovem, baseando-se na lógica da economia solidária, no fortalecimento dos grupos produtivos locais e na formação de parcerias com diversas instituições, para que seja possível reverter o quadro de injustiça social, fomentando a criação e execução de ações geradoras de trabalho e renda para os jovens (IPF, 2005).
No UTERO os jovens podem participar de diversos espaços, chamados laboratórios (Laboratório de Crescimento Pessoal, Laboratório de Competências para o Trabalho e Laboratório de Criação de Empreendimentos), onde vão desenvolver suas competências pessoais, sociais e laborais, bem como suas habilidades de gestão e construir seu projeto de vida. Há também a preparação de grupos de jovens que desejam se associar, ou grupos produtivos já existentes, para o processo de incubação do empreendimento, gerando também um banco de idéias a respeito de possíveis empreendimentos com diferenciais mercadológicos. Prevê ainda a articulação com instituições responsáveis por oportunidades de trabalho, que atuam na intermediação dessa mão-de-obra, facilitando o processo de busca do primeiro emprego. Propõe-se fomentar o voluntariado e o estágio como formas adequadas ao jovem para que possa adquirir experiência e conhecer atividades profissionais.
A metodologia utilizada pautou-se no método dialógico-vivencial desenvolvido por Góis e Cavalcante em 1984, por compreender que o processo de aprendizagem não acontece de modo mecânico, por transferência de conhecimentos, mas decorre fundamentalmente da interação entre pessoas diferentes dentro de um contexto propício à participação, à reflexão e à afetividade.
            Compreendemos também que o cultivo de um ambiente de participação e encontro é necessário para o desenvolvimento de habilidades e competências exigidas não somente pelo mercado de trabalho, mas para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Desse modo, é possível construir um conhecimento com significado coletivo, a partir da experiência acumulada de cada jovem envolvido no processo. Para tanto foram utilizados instrumentos como o círculo de cultura, círculo de encontro, jogos criativos, recursos artísticos, Biodança, Sociodrama, Arte-identidade, entre outros.
            O UTERO visa fomentar o empreendedorismo solidário e fortalecer a relação dos jovens com o mundo do trabalho, contribuindo para sua formação humana e social, através do estimular o auto-conhecimento e a auto-estima do jovem, buscando a integração de suas experiências de vida na construção de suas identidades como atores sociais; auxiliar o processo de tomada de decisões e a facilitação de experiências mobilizadoras de desenvolvimento, colaborando com a construção do sujeito do trabalho; estimular, preparar e criar novos negócios baseados na economia solidária e no desenvolvimento local, gerando condições prévias para uma ação mais objetiva da atividade de incubação de empreendimentos; gerar informações sobre juventude e trabalho no município; e articular parcerias com instituições locais, visando à criação e execução de ações geradoras de trabalho e renda para os jovens.

No ano de 2006, a proposta do ÚTERO deu a Eveline Chagas Lemos, Psicóloga e Assistente Social do Instituto Paulo Freire do Ceará, hoje trabalhando na rede de saúde mental de Fortaleza, o Prêmio Juventude pelo segundo lugar obtido na categoria graduação. A proposta foi escolhida entre 287 trabalhos analisados por comissões julgadoras formadas através da parceria entre a Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Este último selecionou os trabalhos entre artigos científicos e redações a partir dos seguintes critérios: consistência do artigo e da redação em relação à temática escolhida; impactos dos resultados esperados e benefícios potenciais para o avanço do conhecimento em relação à temática e à promoção de políticas públicas; originalidade da abordagem; e qualidade do texto quanto ao conteúdo e quanto à forma de apresentação (adaptação de um texto do Projeto UTERO, de Nara Diogo e Fábio Porto, 2004, realizada por Góis, 2006). 

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