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22 de julho de 2014

Viver
Encontrar cores na terra molhada,
Na água de chuva
No sol da manhã entre as nuvens
No pássaro que pousa na árvore
Próximo ao seu ninho
Renascer
Encontrar-me brotando
No amor que fracassa e que floresce
No amigo que encontro
Na cidade que construo contigo
Nos filhos que me ensinam
O que não consegui ensinar-lhes
Na passagem dos anos
No tempo e não-tempo do amar
Celebrar
A vida em suave canto
Bela, voraz, voluptuosa
Brotando em seiva nos corpos desnudos
Desmanchar-me em fornalha
Incendiando o instante de te ver,
De fundir os corpos e renascer
Abraçados, abrazados
Dançar
Encontrar-te no sol da manhã
Nessas tardes de verão, em noite de luar
E nas estrelas adormecer contigo
No infinito mistério da união
Participar
Estar ao teu lado
Construindo cidadania
Defendendo a vida de tanta opressão
Ouvir atento dos teus lábios
Um canto de justiça e liberdade
Sofrer por ti e por quem não se conhece
Lutar por ti e por quem não se conhece
Fluir
Em tempos e espaços dobrados
De magia e estórias sem fim
Sem temer planícies e abismos
Navegar e ser criança
Andar e voar por montanhas contigo
E tanto mais
Enfrentar o sombrio lago, mar tenebroso
Das fantasias, do terror e do poder
E brincar com inocência e arte
Sonhar
Olhar a noite escura
E de pé
De rosto para o céu profundo
Ser-Estrela, ser imaginação, tornar-se luz
De muito longe, de todos os lugares
Adormecer na noite, silêncio de sábio
Quietude de recém-nascido

Fortaleza, 19/10/1991

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