A LINGUAGEM DO CORPO - 2002
RESUMO
Neste artigo pretendemos refletir sobre a linguagem
do corpo, que linguagem é essa e como se manifesta, distinguindo-a da linguagem
construída mediante a língua. Linguagem numa dimensão simbólica e expressiva
que está presente na fala e no corpo. Pretendemos mostrar a importância do
corpo como corporeidade vivida e a vivência como fonte de manifestação de uma
linguagem profunda própria do corpo e que se revela de modo direto e sensível,
sem precisar da mediação de uma língua para ser captada e compreendida. Por
isso podemos dizer que o corpo tem uma linguagem que é simbólica e outra que
não é, por ser vivencial, própria da sensibilidade e dos sentimentos.
Palavras-chave: Linguagem, símbolo, expressão,
corpo, corporeidade e vivência
ABSTRACT
In this article we intentd to reflect on the body language, which
language is that and how it is demonstrated,discerning it from the language
contructed by the language. Language in a simbolic and expressive dimension
that are presented in the conversation and in the body. We intend to show the
importance of the body as knowing in body
and the life experience as source of display of a deep language private
of the body and that reveals it self in a sensible and direct way, without
needing the mediation of a language to be catched and held. That´s why we can
say that the body has one language that is simbolic and another one that is
not, because it is life experienced.
Key-words: language, simbol, expression, body, knowing body, and living
experience.
INTRODUÇÃO
Linguagem e corpo, que relação é essa? A
linguagem se encontra no terreno da reflexividade, enquanto o corpo se situa na
região primária da pré-reflexividade. A fala é subjetividade e o corpo é
visibilidade – o olho e o espírito (Merleau-Ponty, 1984).
Em meio a essas questões, como falar da
linguagem do corpo. Que linguagem é essa? Primeiramente, vamos discorrer sobre
a linguagem, situá-la em nossa reflexão; depois discutiremos o corpo como
corporeidade vivida para, logo a seguir, problematizarmos a possibilidade do
corpo ter linguagem, dizer que o corpo fala de um outro modo, que expressa, que
propicia um outro tipo de linguagem, um outro tipo de comunicação.
A LINGUAGEM HUMANA
Quando falamos de linguagem estamos tratando de
algo simbólico, de uma representação acerca de um mundo externo e interno a nós
mesmos. A linguagem, nesse caso, é categorização, é explicação do mundo
objetivo e do que se passa em nosso interior. É, também, comunicação,
interação, orientação e regulação daquele que fala e daquele que ouve, vê ou
lê. Além disso, a linguagem é via de acesso ao outro e revelação daquele que
fala.
Língua e linguagem andam juntas. A língua é própria
das experiências coletivas e permite a comunicação e o entendimento entre os
membros de uma coletividade, a qual, também, se encontra organizada através de
sua língua. Por outro lado, apesar da linguagem encontrar-se estruturada
mediante a língua, ela revela um caminho de duas faixas entrelaçadas: uma que
se origina e denota o movimento da coletividade, pois tem a ver com a
experiência e vivências coletivas, com o universo de significados socialmente
construídos pela coletividade (consciência social); e uma outra faixa que está
relacionada com as experiências e vivências particulares de cada um de nós no
mundo em que vivemos; revela o sentido, que é próprio da consciência pessoal e
não da língua.
Em uma de suas
conclusões mais importantes, Vygotski (1991, 1993) postulou que o mais central
no estudo da consciência é a análise do sentido ou significado pessoal, a
relação própria do sujeito com os fenômenos objetivos conscienciados. Para ele,
o significado (sentido coletivo) é supra-individual e constitui o conteúdo da
consciência social, enquanto o sentido (significado pessoal) só pode ser individual,
ou melhor, psicológico. Podemos dizer, inclusive, que a consciência social é
uma consciência de significações, enquanto a consciência pessoal é uma
consciência de sentidos. Isto não implica a separação de ambas, pois no
significado o sentido se objetiva por meio da linguagem.
O sentido em Vygotski é
central na consciência e pode ser analisado através da estrutura semântica da
própria consciência, já que esta estrutura é construída a partir da atividade
formativa do sentido, presente na linguagem. Para ele, o sentido expressa a
atitude do individuo para o mundo externo. Em Freire, o sentido implica a
atitude para ler e pronunciar o mundo. Não significa isso que o sentido seja um
componente fundamental de um sistema mental puramente cognitivo, e Vygotski nem
Paulo Freire tampouco o concebiam assim. Segundo Kohl de Oliveira (1992),
Vygotski entende que o sentido forma parte de um sistema dinâmico de
significados, no qual o intelectual e o afetivo estão integrados, pois cada
idéia contém uma atitude afetiva frente à realidade interna e externa. O
sentido surge e se desenvolve através da contradição entre os significados
apreendidos, os motivos e a realidade mesma da vida objetiva da pessoa.
Para Freire (1994b), o
ato de conhecer é o ato de ler e nomear a realidade, pronunciar o mundo; é
também lhe dar um sentido e apropriar-se dele. Segundo
Aguilar (1998), o ato de ler “es un proceso dialéctico que sintetiza la
relación existente entre conocimiento-transformación del mundo y
conocimiento-transformación de nosotros mismos” (p. 113). Enquanto a conscientização ou aprofundamento da
tomada de consciência (Freire, 1994a, 1979; Simões Jorge, 1981) é o processo de
pronunciar a palavra com os demais (diálogo), uma palavra que se encontra
enraizada na experiência de vida de quem a pronuncia (Fiori, 1995). Não é uma
simples tomada de consciência, mas sim o distanciar-se para explicar a
realidade e, ao mesmo tempo, o aproximar-se para transformá-la. Não surge como
resultado do simples desenvolvimento econômico, já que necessita da presença
participante do individuo em sua realidade social.
Freire considera que o
aprender se refere ao conhecer as significações e suas relações, mas a
conscientização tem lugar quando se constrói o sentido dessas significações e
de suas relações. Para ele, nesse caso, se encontra a educação e não somente o
ensino.
Tanto em Habermas
(1987) como em Freire (1981) a comunicação reflexiva é fundamental. Para ambos,
segundo Rebellato (1998), a linguagem é o centro da comunicação. Para o autor
de Pedagogia do Oprimido, o diálogo é a base da comunicação entre os homens e
nele se encontra o núcleo do fenômeno vital e de uma existência não solitária
(compartilhada) e criadora. Para Freire, “ninguém ignora tudo, ninguém sabe
tudo, todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa”
(cit. Vitón de Antonio, 1998:62). Por isso a exigência do diálogo, que é também,
segundo Flecha (1997), um diálogo igualitário.
O diálogo vai mais além
do intercambio verbal, se torna um mecanismo de interiorização da realidade
físico-social, em sua diversidade e mudança, e ao mesmo tempo de expressão do
indivíduo no mundo. Nele se encontra a problematização, um modo de perguntar a
partir do reconhecimento da existência do outro e do conhecimento que ele tem
do mundo.
No diálogo os discursos falados
(linguagem falada ou fala) se encontram para pronunciar o mundo e a si mesmos. Entendê-los é fundamental, por isso a
importância da análise do discurso. Apesar de, muitas vezes, se confundir com o
campo da lingüística, a análise do discurso se diferencia pelo fato de
centrar-se mais na linguagem, que é distinta da língua (Saussure, 1949;
Jakobson, 1963; Barthes, 1984), e também por buscar, entre outros aspectos, a
objetivação e o conhecimento do sujeito que discursa, mediante a escrita
(discurso permanente, texto) ou a fala (discurso transitório, conversação).
As duas linguagens são ricas de informações
distintas, com suas vantagens e desvantagens. Como assinala Brown y Yule
(1993), a linguagem escrita é mais rica que a linguagem falada, pois contém uma
organização do discurso mais rica e elaborada, além de uma maior densidade
informativa que, normalmente, não encontramos na conversação.
Sem dúvida, há também de se reconhecer que a
linguagem falada (discurso mediante a fala) não é um conjunto de palavras e
frases desordenadas, aleatórias, pois possui um alto grau de organização e
coerência, como é possível de se observar na conversação especialmente
transcrita, apesar de que não se encontra ordenada como no discurso escrito.
Existe uma riqueza na fala, presente
não só nos significados coletivos e nas estruturas da língua, senão também nos
elementos de duração, pausa, entonação, repetição e estilo, configurados em um
modo particular de comunicação, expressão, interação e significação pessoal
(sentido) acerca de si mesmo e do mundo.
A
fala nos dá uma riqueza de informações acerca da consciência (Luria, 1987;
Vygotski, 1989) e do pensamento (Piaget, 1985), já que contém, além de
dimensões fisiológicas e lingüísticas, dimensões ideológicas e psicológicas
(Bajtín, 1988), especialmente quanto ao significado e ao sentido. A fala se
realiza mediante o pensamento e a linguagem, mas se situa mais além, quer
dizer, segundo Vygotski (1991), a fala é um correlato da consciência e não do
pensamento, porque contém além do significado o sentido, que é algo particular
da pessoa em sua relação com o mundo e consigo mesma.
Para
Luria (1990), a linguagem inclui, além do significado e do sentido, as
“unidades fundamentales de la conciencia que reflejan el mundo exterior.” (p.
24), isto é, a percepção, a memória, a atenção, a generalização e abstração, a
dedução e inferência, o raciocínio e solução de problemas, a imaginação e a
auto-análise e a auto-consciência.
Segundo
Habermas (1987), no modelo comunicativo da ação, a linguagem (falada) é
importante quando os falantes ao
utilizar-se de orações buscando o entendimento, estabelecem além de outros
tipos de relações com o mundo, uma relação de tipo reflexivo. Para Freire
(1990), isto ocorre na comunicação que busca o conhecer crítico, o entendimento
e a construção social e pessoal por meio do diálogo, algo inexistente na
dominação (relações de poder autoritário). No diálogo as consciências estão em
contato direto.
Dado que a linguagem é
fonte do comportamento social e da consciência (Vygotski, 1991), o discurso da
pessoa nos permite, em Psicologia, Psicoterapia e Educação, apreender e
compreender aspectos essenciais do processo de
construção-destruição-reconstrução de sua existência (Frankl, 1990), da
organização e funcionamento de sua atividade consciente (Luria, 1989, 1990) e
da relação que estabelece com os outros e com seu mundo histórico-social
enquanto ato de explicação e de transformação da realidade (Freire, 1979;
Vygotski, 1993). Isto se vê claramente na análise da linguagem escrita da
personagem Severino e na análise da linguagem falada de Severina, mulher do
interior da Bahia, realizadas por Ciampa (1987).
Ao trabalhar com o
significado e o sentido na fala, como também com seus enunciados, a análise do
discurso nos permite objetivar estruturas e conteúdos subjetivos particulares
que, em geral, deixam de ser considerados ou se apresentam muito mais limitados
em outros métodos.
Outro aspecto a
considerar no discurso é o contexto onde ele se produz. É necessário levar em
conta o contexto cultural do discurso produzido para que este se faça
compreensível. Isto implica considerar que o discursante é criador de realidade
social (Garfinkel, 1967) e que também a interpreta a partir de dois elementos
chaves, ou sejam, o conhecimento social e os procedimentos de interpretação
(Mehan y Wood, 1975), os quais lhe permitem dar relevância contextual ao
discurso.
O CORPO É CORPOREIDADE VIVIDA
Baseando-se na visão biocêntrica, entendemos
que o se sentir vivo implica no ato de tecer a nossa própria vida, como pessoa
amante, ativa e expressiva, presente no cotidiano e estando "dentro e
fora" do mundo - dentro, como corporeidade amorosa; e fora, como
significação e sentido. Os dois modos constituindo um só ato, um só gesto, uma
só dança, na qual se é pleno em visibilidade e subjetividade.
O sentir a vida, o sentir-se vivo, revela a
corporeidade vivida, a identidade como presença, como expressão natural e
espontânea da vida acontecendo como singularidade. Do sentir-se vivo é que
surge a percepção do si-mesmo, de um sentimento de vida, do qual emerge um
processo antigo de desdobramento da vida em sensações corpóreas. A identidade
vem daí, da Biologia em direção à Psicologia, da transformação do animal em
espírito enraizado ou corporeidade vivida, do desdobramento do selvagem em
linguagem e o seu retorno a um lugar antigo, primal, fonte de sua aparição e
concretude em um mundo natural e espontâneo – a vida animal (Góis, 1995).
Ao retornar ao movimento primordial, à vida
instintiva, nos conectamos a uma verdadeira conspiração pelo ato de viver, pelo
despertar de nossas potencialidades, possível em um mundo sensível de
movimento, nutrição e amor. Isso só é possível através de um corpo aberto e
flexível.
Sinto profundamente a existência de uma
essência humana libertária, de algo interior que impulsiona o ser à vida e a
algum lugar do infinito, cuja origem não reside na consciência ou em qualquer
forma de representação mental, mas sim, em nossa raiz animal e selvagem, mundo
bruto e indiviso. Aí encontramos a Vida como possibilidade singular,
potencialidade muitas vezes bloqueada, reprimida, negada, porém sempre
presente. Só desaparece com a destruição do ser (Rogers, 1986). Para
conectar-se com ela é necessário “o retorno às origens da própria reflexão e
descobrir seu solo anterior à atividade reflexiva e responsável por ela“. (Chauí sobre Merleau-Ponty, 1984:VIII).
Toro
(1988) compreende a identidade a partir da vivência do estar-vivo, uma
intimidade com a vida essencialmente visceral.
“A vivência fundamental da identidade surge
como expressão endógena do estar vivo. A vivência primordial do estar vivo é a
mais comovedora e intensa de todas as vivências (...). A vivência de estar vivo
estaria afetada constantemente pelo humor corporal e pelos estímulos externos,
entretanto sua gênesis seria visceral. A vivência do estar vivo daria origem a
dois estados diferenciados entre si.
a. As primeiras noções sobre o próprio corpo.
b. As primeiras noções de ser diferente.
As primeiras noções sobre o próprio corpo
implicam que a percepção do próprio corpo evolui através do tempo mediante as
distintas formas de sentir-se a si mesmo (ser-no-mundo). Diferentes
experiências organizam estruturas de respostas: o corpo como fonte de prazer e
o corpo como fonte de dor e sofrimento. As primeiras noções de ser diferente se
dão no contato com o grupo. A identidade se faz patente no espelho de outras
identidades. As primeiras noções de ser diferente conduzem à consciência da
própria singularidade e ao ato de pensar-se a si mesmo frente ao mundo. O
pensar-se a si mesmo configura a auto-imagem que, por sua vez, origina os
esquemas de decisão com respeito às próprias expectativas e às ações para
alcançá-las. (...) As duas noções sobre o corpo levam à auto-estima e à
consciência de si mesmo“ (Toro, 1991: 271- e 272 ).
Entendemos que a identidade é um
fenômeno antes de tudo biológico e relacional, surge das sensações endógenas,
necessita do outro e se constitui um paradoxo: a. Venho mudando, porém sou o
mesmo; b. Só me faço presente na presença do Tu. A identidade é visível
(corporal) e inacessível à interpretação, por ser expressiva e estética.
a. Identidade, Presença e
Corporeidade Vivida
Tomando como ponto de partida as
reflexões anteriores, compreendemos a identidade presentificada ou corporeidade
vivida, como a capacidade de se sentir como centro de percepção de si e do
mundo, em um profundo sentimento de estar-vivo, sentimento este que é corporal,
comovedor e conectado a tudo o mais. Isso implica que o ponto de partida
estruturador da identidade é o sentir-se vivo, esse instante de presença e de
transmutação da corporeidade vivida em mais presença e mais vínculo com o
mundo, fazendo-se desse modo corporeidade amorosa. Por esse caminho encontramos
a identidade como expressão de uma totalidade e não de partes de si mesmo, só
possível de se realizar na imediaticidade do viver, na vivência (Almeida,
1994), portanto, na corporeidade vivida e não na consciência.
A identidade, como presença, não se
pensa, se vive no aqui-agora - Presente Eterno. Ela é inacessível a qualquer
forma de compreensão e visível frente ao outro. É acessível ao outro e à
própria pessoa somente na vivência. Só em seus aspectos parciais se constitui
como significado ou noções de si mesmo, como história e cultura, pois o ser
humano é incapaz de compreender a identidade (ou o si-mesmo no mundo), mas é
capaz de senti-la, intuí-la e viver a liberdade nela presente, principalmente
na forma de movimento, expressão, dança e linguagem.
O corpo animal pulsa como
sensorialidade e o animal humano tem essa sensorialidade transmutada em
sensibilidade, instante no qual o humano se fez como expressão imediata,
concreta e sutil do animal transformado em espírito, do animal comovido pelo
instante. Nesse instante o animal abriu a porta e construiu progressivamente um
mundo interior que, no ato de construí-lo, o fazia cada vez mais mundo
subjetivo - transformou a Biologia em Psicologia. Saiu da limitação sensorial
para a liberdade da sensibilidade. Ainda que de maneira confusa se construiu
como ser-no-mundo-e-do-mundo, um Ser de possibilidade e realidade, cada vez
mais visível, complexo e não compreensível, nem para si e nem para os demais.
Apenas podendo ser apreendido esteticamente.
Pulsando e se transformando no “jogo
dos dados” (por caminhos instáveis e irreversíveis, caminhos indissolúveis e
pulsantes, sincrônicos, do tipo imanência- transcendência, harmonia-caos,
sístole-diástole, grandiosidade-pequenez, yin-yang, universalidade-particularidade),
a identidade evolui por afinidade ao movimento e à dança da vida, uma dança na
qual se é a própria dança, se é o próprio gesto. Uma olhar que olha, um sorrir
que sorrir, um tocar que toca, cada gesto contendo toda a corporeidade - a
pessoa visivelmente inteira em uma totalidade maior.
No instante em que a sensorialidade,
por caminhos desconhecidos em seus aspectos mais íntimos se desdobrou em
sensibilidade, o animal se revelou humano, se presentificou como ser-no-mundo-e-do-mundo. Libertou-se da sensorialidade e da
aderência ao imediato e se aprofundou na sensibilidade do presente de um mundo
que, também, descobre sensível. Corpo sensível em um mundo sensível
(Merleau-Ponty, 1993).
Nesse momento o mundo objetivo
surgiu com toda a sua potência e beleza, se imprimiu em imagens sensíveis – a
alma incandescente e cósmica transmutada em alma do Ser. O coração pulsa como
antes e assim continuará, mas o sentido passou a sentir, o olhar passou a
olhar, o tocar passou a tocar, o caminhar caminhou, enfim, o abraço abraçou. A
sensorialidade e as emoções animais não desapareceram nesse instante de
transmutação, apenas integraram-se a uma nova realidade interna e relacional
nascente, a uma nova complexidade emergente, permitindo novos modos de
interação do interior com o meio, além do surgimento da linguagem, da
consciência e de todo um mundo subjetivo. A realidade da sensibilidade, o
sentir-se, ainda difuso e confuso, com imagens e percepções carregadas de
emoções, transformando-se em sentimentos e “espantos” diante das novas
sensações e percepções com relação a si mesmo e ao mundo circundante.
Progressivamente, o fusional foi
substituído por uma sensibilidade que modifica o psiquismo animal além dos
condicionamentos, que amplia a sua interioridade no rumo de uma liberdade
animal que se faz espírito- enraizado,
que se faz corporeidade vivida.
O uso de instrumentos não foi o
começo, o que criou o ser humano; o que o fez foi o mover-se sensível, um ato
sutil que surpreende o próprio animal ao acontecer por um processo de ordem e
caos, acaso e necessidade. O mover-se sensível foi o primeiro gerador de
relações mais complexas entre o animal e o mundo, relações que se tornaram
subjetividade na forma de imagens, sentimentos e significações - realidades
interiores nascentes.
O mover-se sensível desencadeou nos
instantes iniciais de sua aparição um processo novo animal-entorno, um processo
de subjetivação do mundo e de objetivação do ser, seja através de um pedaço de
osso que o animal movimentou, ou de novas emoções que sentiu frente a um membro
do bando que jazia morto, ou do riso em vez de grunhido, ou em vez da relação
sexual por trás, a relação sexual pela frente, abraçados, rosto com rosto. Os
significados começaram a surgir desses movimentos grosseiros, rudes e sensíveis,
surpreendendo o animal que, aos poucos e abruptamente, se fazia humano.
Pode-se pensar em atrevimento do
autor, não obstante o que entendemos, quanto ao ocorrido no alvorecer da
humanidade, foi o surgimento do humano, possibilitado por sutis e novas
sensações corporais (surgidas após o animal descer das árvores e fixar-se em
posição bípede, deixando as mãos livres não só para agarrar, senão também para
se comunicar, tocar e acariciar). Um processo afastado do estado de equilíbrio
sensório-motor do animal, emergindo em um instante dado da ação desse mesmo
animal, provocou um novo tipo de conectividade interna cerebral e psíquica, uma
rede neuropsíquica qualitativamente nova, uma Filarmônica capaz de tocar a
sensibilidade nascente e a própria interiorização do mundo.
Não foi qualquer ação que fez o ser
humano, foi principalmente uma ação sensível, o mover-se sensível, uma ação
mais complexa e sutil tecida na rede neuropsíquica em formação. O animal podia
agarrar qualquer objeto, como de fato o fazia, mas para “comover-se” com o ato
de agarrar, movimentar ou balançá-lo de outro modo, foi necessária a emergência
de uma sensação qualitativamente diferente das anteriores no momento da
realização deste ato. Daí surgiu o ser capaz de olhar a montanha e sentir mudar
sua respiração; ver e sentir silenciosamente o vôo do pássaro ou a água
cristalina seguindo seu percurso de riacho, ora tranqüila, ora rápida.
Que fenômeno foi esse, posterior ao
mover-se sensorial e programado, anterior ao surgimento dos instrumentos e
significados, que fez o humano? Que fluxo tão poderoso arrancou o animal da
limitação sensorial e o projetou no mundo presente da comoção e da liberdade? A
sensibilidade primitiva emergente formada no mover-se de um outro modo
(sensível) fez esse fluxo. Ela tornou possível a vivência primitiva e, logo,
tornou-se vivência. Fez o humano, primeiramente como artista ou algo assim
para, em seguida, o tornar “faber” e “sapiens”.
Entendemos o salto evolutivo se
dando no surgimento da sensibilidade, no mover-se sensível, condição necessária
ao surgimento da vivência. Nesta, a criatura se torna amante.
Para unir o reflexivo à sua
origem, à pré-reflexão, Merleau-Ponty (id) fala da vivência da corporeidade e
diz: “O corpo apresenta aquilo que sempre foi próprio da consciência – a
reflexividade; mas apresenta, também, aquilo que sempre foi próprio do objeto –
a visibilidade. O corpo é esse visível que se ver, esse tocado que se toca,
esse sentido que se sente”.
O corpo é origem e base de um mundo
sensível, “...selvagem e bruto, desde onde emergem as categorias reflexivas”.
(Chauí, id). Para essa autora, o homem é um ser de abismo quando descobre o
selvagem que existe em si. O homem tende à manifestação do selvagem até os
limites de sua própria possibilidade; “...não pode ficar encerrado, mas se
manifesta e se ultrapassa em uma modificação infinitamente aberta e nova”. (ibid).
Toro
(1991), falando sobre a patologia da civilização, afirma que ela é conseqüência
da repressão ou negação da vivência pela consciência. O mundo corporal sensível
e visível é algemado, encarcerado e mantido em rígida subordinação à
consciência. Por outro lado, esta só pode se manifestar como totalidade
reflexiva que abrange, expressa e integra simbolicamente o Ser, quando se
enraíza na naturalidade corpórea e na espontaneidade animal. Somente assim a
consciência se revela como guia do selvagem no mundo histórico, e não a sua
carcereira.
Quando a consciência não flui da
vivência, reprime qualquer possibilidade de expressão do selvagem, de um mundo
instintivo e humano. A expressão emocional é reprimida, os instintos proibidos
e o corpo negado.
b. Movimento
É a propriedade básica e mais geral
da vida, junto com a diversidade e a integração. Quando nos movemos temos a
expressão mais genuína da vida acontecendo em nós na forma de gesto ou dança.
A dança é o movimento do ser
visível, estético e expressivo, capaz de autonomia e vinculação. Cada gesto,
cada expressão, revela a vida sucedendo como singularidade. Olhar e ser olhado,
abraçar e ser abraçado, acariciar e ser acariciado, caminhar, saltar, correr,
se deitar no chão, mover-se com potência e suavidade, aproximar-se e
afastar-se, todos eles vêm de muito longe e é necessário cultivá-los em nossa
vida.
Esses gestos constituem a vida
humana emergindo desdobrada do movimento geral do Universo, da dança, das
energias/partículas, da dança do pólen e das estrelas – dança de determinações
e indeterminações - dança da harmonia gerando o caos e este, como Pai,
germinando a Mãe que o gerou.
Quando cessa o movimento, cessa o
calor, a vida, vem o frio e a rigidez. A depressão, como qualquer doença,
caminha neste sentido da degradação da vida e do ser. Ao contrário, quando nos
movemos espontaneamente, sentimos nossa abundância interior em cada gesto - sentimos
a vida plena.
Mover-se é pintar na tela da
realidade a existência, bem antes de conhecê-la.
“A vivência humana é extremamente rica e ampla, a própria linguagem
socializada não é por si suficiente para traduzir essa riqueza das impressões
vividas (...).
O movimento enriquece a linguagem e o corpo escolhe a palavra. Foi a
melodia do gesto que socializou a forma de comunicação não-verbal e verbal
(...).
A liberdade do movimento é a
mais pura, é mediante o gesto que a subjetividade alcança a vida. O movimento é
a expressão mais sociológica da liberdade individual. A liberdade é uma
conquista. É o movimento que possibilita e assegura sucessivamente a autonomia
e a independência” (Fonseca, 1988:167).
Esses
gestos estão no cotidiano de qualquer pessoa ou qualquer povo, em qualquer
época ou lugar. Revelam a profunda intimidade entre o sagrado e o profano
(Eliade, 1992). Não derivam de uma cultura, senão que surgem dentro dela como
expressão de profundos sentimentos individuais e da espécie. Tomam muitas vezes
formas culturais, tais como nos ritos, na arte, na religião, nos costumes, na
técnica e no ato simples de uma pessoa em seu dia-a-dia. Emergem através das
culturas, mas não são produções culturais, são manifestações da sensibilidade
frente à vida nas formas as mais variadas, do movimento ao símbolo, da ação ao
pensamento. Revelam profundos sentimentos da espécie humana frente à vida.
Nem todos os gestos, mesmo sendo
eles originados na vida, estão voltados para a vida. Muitos decorrem de
concepções do mundo originadas em um rigor intelectual desprovido de sua raiz
sensível e inocente, sem vinculação com a vida mesma, como é o caso dos gestos
fascistas de uma pessoa, de um grupo ou de uma sociedade e podem, também,
provir de um ser em degradação.
O gesto humano, sendo movimento
sensível, integrado e evolutivo, vinculado à vida, é dança. Daí o por quê do
nome Biodança – a dança da vida, no sentido de Garaudy (1980).
“A dança é a
expressão mais extrema do Eros Primordial, gerador de vida. Entregar-se à dança
é um ato prazeroso e terrível de participação nos grandes enigmas de
transformação cósmica; é participar na essência da criação, fazendo surgir o
movimento da milenar aprendizagem do contato, do trabalho e da brincadeira.
A dança é não só
temerário ato de vinculação ontocosmológica, senão também a celebração da
comunidade entre os homens. Tem dupla origem: uma sagrada e uma profana, um
elemento de eternidade e um de fugacidade.
Na comovedora vivência da dança todas as fronteiras são derrubadas. O
externo e o interno, o espiritual e o corporal, o transcendente e o imanente,
são aspectos de uma só e única realidade. Ali no movimento inseparável dos
corpos, misturam-se as energias do coração com as que chegam do Cosmos, do
vento e das estrelas.
Da inocência, da dança surge a mais avassaladora sensualidade, porque
os batidos da vida são sempre um impulso do contato. Os corpos possuídos pelo
ímpeto da dança reproduzem, as tempestades do mar e tremor das flores ao vento”
(Toro, 1991:487).
O CORPO TEM UMA LINGUAGEM PRÓPRIA
Como vimos anteriormente, a linguagem é
construída mediante a criação e uso do símbolo; precisa da língua e da história
social. Origina-se no movimento da consciência no mundo e possui uma direção
consciente, uma intencionalidade. Encontramos, também, no interior da
linguagem, espaços de não-consciência, mas sua organização é consciente. O
corpo, também, se submete a essa mesma intencionalidade da consciência. Apesar
do controle voluntário, possui, também, um enorme espaço de não-consciência.
A intencionalidade tanto da linguagem como do
corpo manifesta uma vontade, uma dada realidade do sujeito, entretanto, esta é
insuficiente para a sua compreensão. Há algo mais na comunicação que revela e
desvela o sujeito para o outro e para ele mesmo – é a metacomunicação, ou seja,
o que estou dizendo quando digo algo. Há um conteúdo comunicado
intencionalmente e um outro comunicado não-intencionalmente; os dois dizendo o
mesmo (espontaneidade) ou dizendo coisas diferentes (incongruência) – o
intencional e o espontâneo sendo uma só coisa, ou sendo coisas diferentes na
relação com o outro e com mundo.
Tanto o corpo como a linguagem, estão dentro e
fora do espectro da consciência, dentro como comunicação, e fora, como
meta-comunicação. Nos dois campos o sujeito diz ao outro e se diz, revela e
desvela a sua presença, como intenção e como expressão.
A espontaneidade (expressão) é mais antiga que
a intenção, mesmo em se tratando da intencionalidade animal. A expressão e a
intenção vêm da Biologia e ganham contornos cada vez mais sofisticados em seu
caminhar em direção à Psicologia e à História, mas a expressão continua mais
enraizada na vida instintiva, enquanto a intenção ganha outros contornos
situados na esfera do simbólico, do cultural, da linguagem. A expressão se
situa na esfera da sensibilidade e da vivência, enquanto a intenção se situa na
esfera da consciência manifesta. A expressão se encontra na esfera do
não-controle, em sub-sistemas mais antigos da atividade cerebral e psíquica.
É comum se dizer que a linguagem pode esconder
o individuo, mas o seu corpo não. Isto porque a amplitude de controle, pela
pessoa, do seu processo da linguagem, é bem maior, muito maior, que a amplitude
de controle da expressão corporal.
Podemos
dizer que há uma linguagem escrita, uma falada e outra gestual, como podemos
dizer que há uma linguagem espontânea, tanto na fala, na escrita, como no
corpo. Neste, a comunicação é muito mais forte, assim como a meta-comunicação,
por ser direta, visível e imediata, com a clareza da concretude do
aqui-e-agora.
As linguagens falada, escrita ou gestual (gesto
intencional), são mais novas na escala evolucionária e operam por meio de
símbolos organizados em uma língua ou outro código, tendo um avançado grau de
autonomia frente às situações concretas da vida e de sua imediaticidade, mesmo
no caso do gesto (controle do gesto). Isto porque o pensamento permite um
distanciamento do imediato, do tempo presente, do aqui-e-agora.
Por outro lado, mesmo tendo uma marca histórica
(couraça muscular do caráter), a expressão corporal é imediata, instantânea,
reveladora da pessoa no seu aqui-e-agora, já que a sensibilidade e a vivência
são preponderantes e decisivas na situação imediata, muito mais do que a
intencionalidade da fala ou do gesto adotados naquele instante.
Temos, então, uma
linguagem construída por meio de símbolos – discurso falado ou escrito,
linguagem gestual, também simbólica, e uma linguagem sem símbolo, vivencial,
espontânea, expressiva, sem intencionalidade. A linguagem mediante símbolos tem
seu elemento expressivo, o qual gera significados fora do controle de criação
do texto pela própria pessoa. Neste caso, o símbolo constitui a mensagem, o
código – quem discursa codifica, organiza o texto escrito, falado ou
gesticulado, mas, mesmo assim, o texto é, também, expressivo, foge ao controle
da consciência; por exemplo, quando a pessoa escolhe os vocábulos e as frases
para dizer algo, e também para se situar dentro do seu próprio dizer. Esta
escolha, em certa parte, foge ao controle intencional do dizer o que se quer
dizer – é a metacomunicação. Outro exemplo é a entonação, a pausa, o timbre,
etc. No caso do corpo, este revela a mensagem no gesto, o gesto contendo o
significado dado intencionalmente pela própria pessoa e um outro significado
apresentado sem intencionalidade. No primeiro caso, a linguagem gestual é
construída intencionalmente por operações mentais que necessitam da língua e do
pensamento; no segundo caso, não é bem assim, pois neste não há símbolo para
construir o gesto; o significado desse gesto se origina em instâncias mais
antigas, pré-reflexivas, pré-verbal, lugar da sensibilidade e da vivência.
Tanto a fala como o
corpo, estão no campo da significação e da expressão, em suas dimensões
reflexivas e pré-reflexivas, ou seja, em suas dimensões intencional e
espontânea. Desse modo, podemos dizer que há uma linguagem do corpo, obviamente
diferente, mas é linguagem por que comunica, tanto intencionalmente, por um
lado, com seus elementos de significado e sentido, como expressivamente, por
outro, com seus elementos de sensibilidade e vivência. Como a linguagem falada
ou escrita, o corpo revela algo que todo corpo intencionalmente revela
(significado) e, ao mesmo tempo, revela algo que só este corpo intencionalmente
revela (sentido); além disso, revela também algo que não sabe que revela ou se
descobre revelando sem deter o controle dessa revelação.
Isto significa que a fala e o corpo podem dizer
a mesma coisa (espontaneidade) ou não (incongruência); integra a pessoa ou a dissocia.
O corpo traz a marca da história da
coletividade e do próprio individuo, tanto de um modo não-consciente como de um
modo intencional. Revela e desvela o passado no presente, mas continua sendo
presente, diferente da linguagem, que é passado ou futuro, e nunca presente. A
linguagem trata de algo que já passou ou que virá, mesmo que seja um pouco
antes ou um pouco à frente do instante vivido pela pessoa (corporeidade
vivida).
A grande diferença entre fala e corpo está na
esfera do não-controle, na qual o corpo é mais expressivo, mais espontâneo,
mesmo estando tensionado, controlado e encouraçado. Outra grande diferença é
que a fala é subjetiva e o corpo é visibilidade. Daí poder-se dizer que na fala
se mente, se engana, se esconde, mas no corpo não há condição disso acontecer,
não há tanto controle, pois grande parte de sua regulação está na região do
instinto, da emoção, da sensibilidade e da vivência, diferentemente da fala,
que é mais controlada pela região mais recente do córtex e que, por isso, tem
mais autonomia frente às condições imediatas. O corpo é, também, muito
controlado pelo córtex (sensorialidade-motricidade), mas, mesmo assim, bem
menos que a linguagem; por ser mais antigo, é mais livre para viver a
espontaneidade. Enquanto a fala se cala, o corpo não, grita, mesmo contido no
instante em que, também, se cala a fala.
CONCLUSÃO
A linguagem do próprio corpo é vivencial, nos
diz sobre o que há de mais profundo na pessoa em sua conexão consigo mesma, com
os outros e com o Universo – de sua intimidade com a Vida.
Se por um lado, o corpo nos diz de algo que a
consciência lhe impôs dizer - linguagem intencional do corpo, atos voluntários
carregados de significados e sentidos; por outro é linguagem expressiva,
visível, estética e visceral.
O corpo fala de um outro modo – vivencial; se
expressa, cabendo ao outro, ou a própria pessoa, desvendar o seu significado e
sentido, mais pela sensibilidade, intuição e compreensão, que pelo
distanciamento e interpretação. Por isso a importância e necessidade da
convivência, de uma intersubjetividade que é, também, intercorporeidade,
vivência, e não apenas reflexividade e fala.
O corpo tem
significado e sentido, mas estes não vêm da língua, vêm da vivência e do
movimento espontâneo – da dança do viver. Por esta via dar-se a conhecer e se
conhece em profundidade.
A linguagem do corpo, que lhe é própria, que
brota dele mesmo e não da língua e do pensamento, é expressiva, não-simbólica,
não explica o mundo, apenas revela o vivido ou corporeidade vivida. O corpo expressa,
mas sua expressão não é algo que se diz, é algo que se intui e sente, em um
outro campo de comunicação, que não é reflexiva, mas empática, estética e,
propriamente, corporal, vivencial. Daí advém o significado, do sentir e não da
língua. Nos compreendemos pelo corpo porque nos sentimos no ato de olhar,
tocar, ouvir, cheirar ou lamber – no ato de estarmos juntos, convivendo
espontaneamente, amorosamente, plenamente inteiros.
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