Viver
Encontrar
cores na terra molhada,
Na
água de chuva
No
sol da manhã entre as nuvens
No
pássaro que pousa na árvore
Próximo
ao seu ninho
Renascer
Encontrar-me
brotando
No
amor que fracassa e que floresce
No
amigo que encontro
Na
cidade que construo contigo
Nos
filhos que me ensinam
O
que não consegui ensinar-lhes
Na
passagem dos anos
No
tempo e não-tempo do amar
Celebrar
A
vida em suave canto
Bela,
voraz, voluptuosa
Brotando
em seiva nos corpos desnudos
Desmanchar-me
em fornalha
Incendiando
o instante de te ver,
De
fundir os corpos e renascer
Abraçados,
abrazados
Dançar
Encontrar-te
no sol da manhã
Nessas
tardes de verão, em noite de luar
E nas
estrelas adormecer contigo
No
infinito mistério da união
Participar
Estar
ao teu lado
Construindo
cidadania
Defendendo
a vida de tanta opressão
Ouvir
atento dos teus lábios
Um
canto de justiça e liberdade
Sofrer
por ti e por quem não se conhece
Lutar
por ti e por quem não se conhece
Fluir
Em
tempos e espaços dobrados
De
magia e estórias sem fim
Sem
temer planícies e abismos
Navegar
e ser criança
Andar
e voar por montanhas contigo
E
tanto mais
Enfrentar
o sombrio lago, mar tenebroso
Das
fantasias, do terror e do poder
E
brincar com inocência e arte
Sonhar
Olhar
a noite escura
E de
pé
De
rosto para o céu profundo
Ser-Estrela,
ser imaginação, tornar-se luz
De
muito longe, de todos os lugares
Adormecer
na noite, silêncio de sábio
Quietude
de recém-nascido
Fortaleza,
19/10/1991
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